O Verdadeiro dia do Senhor

Por Marcos B. Dantas

Sábado x Domingo – parte 3

Sábado no Novo Testamento

Uma vez que vimos, não de forma exaustiva, sobre o sábado no AT, agora vamos analisar o contexto do sábado no NT (Novo Testamento).

No contexto do NT, observamos que Jesus Cristo e seus discípulos frequentemente participavam de atividades religiosas no sábado. Como exemplo, cito: (Lucas 4:16; Atos 13:42-44; Atos 17:2-3). Este dia sagrado manteve sua relevância.

Iremos observar que no NT, o sábado continua a ser o dia do Senhor, mas havia uma certa relação prejudicada entre, Cristo e os líderes religiosos. Veremos que o problema não estava, no dia do sábado, mas sim no que os Judeus consideravam correto ou não fazer no sábado e que não havia respaldo bíblico, mas sim regras criadas pelos judeus.

As interações de Jesus e de seus discípulos, com os líderes religiosos da época levantaram questões profundas sobre a natureza do sábado e seu propósito na vida do crente. No NT encontramos evidências dessa dinâmica no modo como Jesus e seus discípulos abordavam as questões relacionadas ao sábado.

Mateus 12: 1-8 – Jesus o Senhor do sábado

1- Por aquele tempo, em dia de sábado, passou Jesus pelas searas. Ora, estando os seus discípulos com fome, entraram a colher espigas e a comer. 2- Os fariseus, porém, vendo isso, disseram-lhe: Eis que os teus discípulos fazem o que não é lícito fazer em dia de sábado. 3- Mas Jesus lhes disse: Não lestes o que fez Davi quando ele e seus companheiros tiveram fome? 4- Como entrou na Casa de Deus, e comeram os pães da proposição, os quais não lhes era lícito comer, nem a ele nem aos que com ele estavam, mas exclusivamente aos sacerdotes? 5- Ou não lestes na Lei que, aos sábados, os sacerdotes no templo violam o sábado e ficam sem culpa? Pois eu vos digo: 6- aqui está quem é maior que o templo. 7- Mas, se vós soubésseis o que significa: Misericórdia quero e não holocaustos, não teríeis condenado inocentes. 8- Porque o Filho do Homem é senhor do sábado.

Mateus 12: 9-14 –O homem da mão ressequida

9- Tendo Jesus partido dali, entrou na sinagoga deles. 10- Achava-se ali um homem que tinha uma das mãos ressequida; e eles, então, com o intuito de acusá-lo, perguntaram a Jesus: É lícito curar no sábado? 11- Ao que lhes respondeu: Qual dentre vós será o homem que, tendo uma ovelha, e, num sábado, esta cair numa cova, não fará todo o esforço, tirando-a dali? 12- Ora, quanto mais vale um homem que uma ovelha? Logo, é lícito, nos sábados, fazer o bem. 13- Então, disse ao homem: Estende a mão. Estendeu-a, e ela ficou sã como a outra. 14- Retirando-se, porém, os fariseus, conspiravam contra ele, sobre como lhe tirariam a vida.”

Lucas 13: 10-17 – A cura de uma enferma

10- Ora, ensinava Jesus no sábado numa das sinagogas. 11- E veio ali uma mulher possessa de um espírito de enfermidade, havia já dezoito anos; andava ela encurvada, sem de modo algum poder endireitar-se. 12- Vendo-a Jesus, chamou-a e disse-lhe: Mulher, estás livre da tua enfermidade; 13- e, impondo-lhe as mãos, ela imediatamente se endireitou e dava glória a Deus. 14- O chefe da sinagoga, indignado de ver que Jesus curava no sábado, disse à multidão: Seis dias há em que se deve trabalhar; vinde, pois, nesses dias para serdes curados e não no sábado. 15- Disse-lhe, porém, o Senhor: Hipócritas, cada um de vós não desprende da manjedoura, no sábado, o seu boi ou o seu jumento, para levá-lo a beber? 16- Por que motivo não se devia livrar deste cativeiro, em dia de sábado, esta filha de Abraão, a quem Satanás trazia presa há dezoito anos? 17- Tendo ele dito estas palavras, todos os seus adversários se envergonharam. Entretanto, o povo se alegrava por todos os gloriosos feitos que Jesus realizava.”

João 7: 14-24 – A controvérsia entre Jesus e os judeus

14- Corria já em meio a festa, e Jesus subiu ao templo e ensinava. 15- Então, os judeus se maravilhavam e diziam: Como sabe este letras, sem ter estudado? 16- Respondeu-lhes Jesus: O meu ensino não é meu, e sim daquele que me enviou. 17- Se alguém quiser fazer a vontade dele, conhecerá a respeito da doutrina, se ela é de Deus ou se eu falo por mim mesmo. 18- Quem fala por si mesmo está procurando a sua própria glória; mas o que procura a glória de quem o enviou, esse é verdadeiro, e nele não há injustiça. 19- Não vos deu Moisés a lei? Contudo, ninguém dentre vós a observa. Por que procurais matar-me? 20- Respondeu a multidão: Tens demônio. Quem é que procura matar-te? 21- Replicou-lhes Jesus: Um só feito realizei, e todos vos admirais. 22- Pelo motivo de que Moisés vos deu a circuncisão (se bem que ela não vem dele, mas dos patriarcas), no sábado circuncidais um homem. 23- E, se o homem pode ser circuncidado em dia de sábado, para que a lei de Moisés não seja violada, por que vos indignais contra mim, pelo fato de eu ter curado, num sábado, ao todo, um homem? 24- Não julgueis segundo a aparência, e sim pela reta justiça.”

Contextualizando

Bem, poderia ficar citando outros, mas todos demostram que o problema não estava no sábado, mas sim a compreensão, errônea, que os judeus faziam em relação ao sábado de descanso do Senhor, criando um montão de regras, mais precisamente, mais de 600 regras, que não tem respaldo bíblico.

Há um outro versículo, controverso, que gera uma confusão na sua interpretação, conforme relata no livro de Colossenses.

Colossenses 2:16-17 – O cerimonialismo, sombra de coisas futuras

16- Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados, 17- porque tudo isso tem sido sombra das coisas que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo”.

Contextualizando

Em Colossenses 2:16-17, o apóstolo Paulo aborda práticas religiosas que foram praticadas pelos israelitas e incorporadas pelos judeus, como: a Páscoa, Pentecostes, e o Dia da Expiação, dentre outras, incluindo “dias de sábado ou sábados”, em um contexto que sugere práticas cerimoniais e rituais do Antigo Testamento. Tendo em mente essas práticas cerimoniais, Paulo, faz referências as comidas e bebidas que eram oferecidas pelos israelitas, em relação ao sistema sacrifical, codificado na lei cerimonial. Tanto que ele, no final do versículo, diz que isso eram sombra do que havia de vir, apontando para Cristo o verdadeiro cordeiro. Paulo também fala sobre “dias de sábado ou simplesmente sábados”. Aqui também se refere aos sábados cerimoniais e festivos, que fazem parte das festividades religiosas judaicas e que apontavam para Cristo, como vimos acima, no livro de Levíticos, capítulo 23.

Sombras do que haveria de vir

Paulo afirma que essas práticas são “sombras do que haveria de vir”, implicando que eram prefigurações ou símbolos de realidades espirituais que seriam cumpridas em Cristo. A realidade ou substância dessas práticas encontra-se em Cristo, indicando que a observância estrita dessas leis cerimoniais não é mais necessária para os cristãos, uma vez que Cristo é o cumprimento dessas sombras. Uma sombra não tem substância; tem aparência de algo substancial (ver Hebreus 8:5; 10:1). As cerimônias israelitas e incorporadas pelos judeus, eram sombras lançadas pelas realidades celestiais. A vida, o ministério e o reino de Cristo são a realidade. A descrição desta realidade na lei cerimonial era apenas uma sombra. Por exemplo, Levítico 23: Inclui várias festas e dias de descanso que são chamados de “sábados”, como o primeiro e o oitavo dia da Festa dos Tabernáculos, o Dia da Expiação, etc. Estes são dias de descanso e celebração que eram adicionais e independentes do dia do sábado semanal.

Resumindo, temos:

Liberdade em Cristo: Paulo está ensinando que, em Cristo, os cristãos não estão obrigados a observar os rituais israelitas e incorporados pelos judeus, como um meio de justificação ou santificação. O foco é na liberdade que os crentes têm em Cristo, não estando mais sob a obrigação das leis cerimoniais e rituais que apontavam para Ele.

Não ser julgado: Os cristãos não devem ser julgados ou condenados por não observar essas práticas cerimoniais, incluindo os sábados festivos, que eram sombras das coisas que viriam. Portanto, Paulo destruiu completamente a argumentação dos falsos mestres, tornando-a irrelevante. Os falsos mestres (judeus) defendiam o retorno às exigências cerimoniais. O apóstolo lida com tais argumentos, declarando que as sombras cumpriram sua função quando Cristo, a realidade, chegou.

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