A Verdadeira Páscoa
Por Marcos B. Dantas
A Verdadeira Páscoa: Como a Bíblia Revela, Não Como o Mundo Prega
O que realmente celebramos na Páscoa?
Quando chega a Páscoa, muitos pensam em coelhos, ovos de chocolate e celebrações recheadas de simbolismos modernos. Mas o que a Bíblia nos ensina sobre a verdadeira Páscoa? O que Deus realmente queria que o Seu povo lembrasse nesta data?
Este artigo convida você a voltar às Escrituras e descobrir o real significado da Páscoa segundo a vontade de Deus.
A Origem da Páscoa: Libertação do Egito
A palavra “Páscoa” vem do hebraico Pesach, que significa “passar por cima”. Foi instituída por Deus na noite em que o povo de Israel foi libertado da escravidão do Egito. O Senhor ordenou que cada família sacrificasse um cordeiro sem defeito e passasse o sangue nas portas das suas casas. Assim, o anjo da morte “passaria por cima” delas, poupando os primogênitos dos israelitas (Êxodo 12:1–14).
Esta narrativa é encontrada no livro de Êxodo, especificamente no capítulo 12, onde Deus ordena aos israelitas a celebração da Páscoa como um memorial da sua libertação. O ritual fundamental associado a essa celebração é o sacrifício do cordeiro pascal, um símbolo poderoso que marca a proteção divina sobre os israelitas durante a décima praga, quando o anjo da morte passou pelo Egito.
“E este dia vos será por memória, e celebrá-lo-eis por festa ao Senhor; nas vossas gerações o celebrareis por estatuto perpétuo.” – Êxodo 12:14
A Páscoa, portanto, começou como uma celebração da libertação do povo de Deus da escravidão, marcada pelo sangue do cordeiro.
O Cordeiro que tira o pecado do mundo
O cordeiro pascal era apenas uma sombra de algo muito maior: Cristo. João Batista declarou:
“Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.” – João 1:29
Jesus foi crucificado durante a celebração da Páscoa. Ele é o verdadeiro Cordeiro de Deus, sem pecado (1 Pedro 1:18-19), sacrificado para nos libertar, não da escravidão do Egito, mas do pecado e da morte eterna.
“Porque Cristo, nossa Páscoa, foi sacrificado por nós.” – 1 Coríntios 5:7
A verdadeira Páscoa, portanto, aponta diretamente para a morte de Jesus como o sacrifício que nos traz redenção. Ela representa a redenção e o perdão dos pecados que são oferecidos a todos os que creem. Segundo a Bíblia, como mencionado por João:
“Deus amou o mundo de tal maneira que enviou Seu único Filho, para que todo aquele que n’Ele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. – João 3:16
Essa passagem exemplifica a essência da Páscoa, que é a doação divina que possibilita a nova vida aos crentes.
O conceito de ‘passagem’ é igualmente significativo. A Páscoa não apenas simboliza a libertação do pecado, mas também a transição para uma nova existência através da fé em Cristo.
“Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida.” – Romanos 6:4
Essa nova vida é a promessa de uma transformação espiritual que renova e reconfigura as prioridades e o propósito dos fiéis.
Além disso, a Páscoa convida os crentes a refletirem sobre a natureza das relações interpessoais e sua jornada espiritual. É um instante de renovação, onde se busca não somente o perdão individual, mas a restauração de relacionamentos com os outros e com Deus. Essa reflexão propõe um compromisso mais profundo com os ensinamentos de Cristo, que são centrais para a prática da fé. Assim, a Páscoa se torna um tempo de autoconhecimento e crescimento na espiritualidade cristã, permitindo que os fiéis se aprofundem na compreensão dos planos divinos para suas vidas.
A Ceia do Senhor: A Nova Aliança
Na noite em que foi traído, Jesus celebrou a Páscoa com os discípulos e, ao partir o pão e repartir o cálice, instituiu um novo memorial: a Ceia do Senhor (Mateus 26:26-28).
“Este cálice é a nova aliança no meu sangue, que é derramado por vós.” – Lucas 22:20
A Ceia substitui a antiga celebração da Páscoa, pois ela agora se cumpre plenamente em Cristo. Não precisamos mais de cordeiros físicos, pois o sacrifício perfeito foi feito uma vez por todas (Hebreus 10:10-12).
É importante fazer as seguintes distinção:
1. a antiga celebração da páscoa (com cordeiro, ervas amargas, sangue nas portas, etc.)
2. a nova celebração que Jesus instituiu (o pão e o vinho representando Seu corpo e sangue, e o exemplo de lavar os pés)
O Mundo e a Páscoa: Um Evangelho Substituído
Hoje, muitas tradições associadas à Páscoa (coelhos, ovos de chocolate, celebrações comerciais) não têm qualquer fundamento bíblico. Essas práticas desviam o foco do verdadeiro significado, que é a morte e ressurreição de Cristo.
“Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. Em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens.” – Mateus 15:8-9
Quando o mundo substitui o sangue do Cordeiro pelo brilho de um chocolate, ele troca o eterno pelo passageiro. A verdadeira fé precisa resistir à diluição do evangelho e manter firme o foco na cruz.
Um dos principais contrastes entre a Páscoa bíblica e suas expressões modernas reside no foco das comemorações. Enquanto a Páscoa bíblica enfatiza a ressurreição e a redenção através de Cristo, muitas celebrações contemporâneas acabam por adotar uma abordagem mais comercial, priorizando aspectos como presentes, festanças e símbolos que, embora, pareçam divertidos, não contribuem para a compreensão da mensagem espiritual. O coelho da Páscoa, por exemplo, se tornou um ícone associado a festividades, mas sua origem remonta a tradições pagãs, que estão desconectadas do relato bíblico da ressurreição.
Origem pagã e cultural do símbolo de coelho e ovos
🐣 A origem dos ovos de Páscoa
O ovo sempre foi um símbolo de vida nova e renascimento em várias culturas pagãs da antiguidade. Na primavera do hemisfério norte, povos como os babilônios, persas, egípcios e europeus antigos trocavam ovos decorados como sinal de fertilidade e renovação da vida.
Com o tempo, especialmente na Idade Média, cristãos começaram a adotar esse símbolo como representação da ressurreição de Cristo, associando o “renascer” do ovo com a saída de Jesus do túmulo.
🐇 A origem do coelho da Páscoa
O coelho, conhecido por sua alta fertilidade, também era símbolo da primavera e da fertilidade entre povos pagãos — especialmente na celebração da deusa anglo-saxã Ēostre (ou Ostara), ligada à estação da primavera.
Segundo algumas tradições germânicas, acreditava-se que um coelho mágico colocava ovos coloridos para as crianças durante essa festividade.
Ao longo dos séculos, especialmente com a imigração alemã para os EUA no século XVIII, essa lenda foi se popularizando até se transformar no “Easter Bunny” (Coelho da Páscoa), que distribui ovos, doces e presentes.
Observação: – Por acaso você já viu algum coelho, botar ovos?
Portanto ao entender as diferenças entre a Páscoa bíblica e suas interpretações culturais, é possível discernir a verdadeira essência desta importante data, permitindo uma compreensão mais profunda e um reconhecimento da sua mensagem espiritual renovadora.
Como Celebrar a Verdadeira Páscoa?
Não há mais a necessidade de celebrar a Páscoa, sacrificando algum cordeiro e passando o sangue nos umbrais, mas após o sacrifício de Cristo, Ele nos convida a viver em constante comunhão com o Cordeiro:
1. Lembrando do sacrifício de Cristo – por meio da Ceia (1 Coríntios 11:23-26).
2. Purificando-se do fermento do pecado – como ensina Paulo (1 Coríntios 5:8).
3. Vivendo em santidade e temor – como quem foi redimido com sangue precioso (1 Pedro 1:18-19).
Atualmente, viver a verdadeira Páscoa envolve não apenas a lembrança da ressurreição de Cristo, mas também a incorporação desse significado em nossas vidas cotidianas. A prática da fé precisa ser mais do que um ritual pontual; ela deve refletir-se nas nossas ações e atitudes. Para os cristãos, isso significa cultivar um relacionamento íntimo com Deus, meditando em Suas Escrituras e buscando uma vida de adoração que transcenda o sábado e permeie toda a semana.
Conclusão
A verdadeira Páscoa é Cristo. Ela não está nos símbolos humanos, mas no sangue derramado na cruz. Foi Deus quem passou por cima do nosso pecado, porque viu o sangue do Seu Filho em nosso lugar. A libertação que antes era física, agora é espiritual e eterna.
“E andai em amor, como também Cristo nos amou, e se entregou por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave.” – Efésios 5:2
A celebração da ressurreição deve ser uma fonte de esperança e inspiração. Dedicar momentos específicos para louvar e agradecer a Deus contribui para fortalecer essa conexão espiritual. Cultivar a adoração pessoal, seja através de orações, canções ou estudo da palavra, permite que a mensagem da Páscoa viva nas profundezas do coração. A prática regular de gratidão também contribui para manter viva a essência da ressurreição, refletindo a alegria e a renovação que este evento representa.
Além disso, o envolvimento na comunhão com outros fiéis é fundamental. As reuniões, estudos bíblicos e serviços comunitários são oportunidades de vivenciar a unidade do corpo de Cristo. Participar de grupos de oração ou de estudos que centrados na ressurreição e seus significados fortalece não apenas a fé individual, mas também a coletividade. É no amor e no suporte mútuo que a verdadeira Páscoa se concretiza em nossas vidas.
Por fim, o serviço à comunidade deve estar enraizado nos ensinamentos bíblicos. Ajudar os necessitados, visitar os doentes e alcançar aqueles que estão distantes da fé são maneiras práticas de demonstrar o amor de Cristo. Esses atos não apenas refletem o espírito da Páscoa, mas também trazem à tona a transformação que a ressurreição representa. Ao incorporá-los em nossa rotina, estamos, na verdade, vivenciando a verdadeira Páscoa todos os dias.
Enfim, que possamos celebrar não com ovos ou festas, mas com reverência, gratidão e vida transformada.