Estudo de Marcos 11:12-14 e 20-26

Por Marcos B. Dantas

Jesus amaldiçoou a figueira?

Por que Jesus amaldiçoou uma figueira que não tinha frutos? E mais, se não era tempo de dar figos, qual foi o sentido dessa atitude?

Nessas perguntas emergem naturalmente ao lermos Marcos 11:12-26. A cena é, à primeira vista, enigmática: Jesus, ao ver uma figueira sem frutos, amaldiçoa a árvore, que rapidamente seca e morre. O relato surpreende porque o texto deixa claro que “não era tempo de figos”. Então, qual foi a razão para essa ação de Cristo, que parece tão severa e até incompreensível? Além disso, como podemos reconciliar esse episódio com a visão compassiva de Jesus expressa em passagens como João 3:17, onde Ele declara que não veio “para condenar o mundo, mas para salvá-lo”, e em Lucas 9:16, onde multiplica pães e peixes para alimentar multidões?

A Figueira Como Símbolo

Para entender esse episódio, é essencial ver a figueira como um símbolo. Nas Escrituras, a figueira frequentemente representa a nação de Israel. Vejamos alguns textos:

Oséias 9:10 – “Achei a Israel como uvas no deserto, vi a vossos pais como as primícias da figueira nova; mas eles foram para Baal-Peor, e se consagraram à vergonhosa idolatria, e se tornaram abomináveis como aquilo que amaram.”;

Jeremias 8:13 – “Eu os consumirei de todo, diz o Senhor; não haverá uvas na vide, nem figos na figueira, e a folha já está murcha; e já lhes designei os que passarão sobre eles.”).

Jesus encontra a árvore cheia de folhas, o que sugeria que ela deveria ter frutos, uma vez que, em figueiras, as folhas aparecem apenas depois dos frutos. No entanto, ao se aproximar, Ele descobre que a árvore está estéril. O contraste entre a aparência promissora e a realidade decepcionante é crucial para o significado do milagre.

Assim como a figueira, Israel parecia espiritualmente vivo, com muitas folhas de religiosidade e atividade externa. Porém, ao se aproximar, Jesus encontrou uma nação sem o fruto de verdadeira justiça, fé e obediência a Deus. A figueira se tornou um símbolo de julgamento contra uma religiosidade vazia, sem substância. Jesus não amaldiçoou a árvore por um ato caprichoso, mas para revelar uma verdade espiritual profunda: Deus não está interessado em aparências, mas em frutos genuínos de fé.

Aqui estão alguns pontos principais para entender o significado dessa passagem:

A Figueira como Símbolo de Israel: Na Bíblia, a figueira frequentemente simboliza Israel (ver Jeremias 8:13; Oséias 9:10). Quando Jesus encontra a figueira cheia de folhas, mas sem frutos, isso pode ser visto como um símbolo de Israel, que aparentava ser espiritual (com folhas), mas, na realidade, não produzia os frutos espirituais que Deus esperava.

Hipocrisia e Aparência Exterior: A figueira com folhas sugeria que tinha frutos, mas ao se aproximar, Jesus descobriu que ela estava sem frutos. Isso reflete a hipocrisia de aparentar ter vida espiritual ou justiça, mas, na realidade, estar espiritualmente estéril. O ato de Jesus amaldiçoar a figueira é um julgamento simbólico contra a aparência exterior sem substância espiritual.

O Juízo de Deus: A maldição sobre a figueira é uma representação do julgamento de Deus sobre aqueles que têm a aparência de religiosidade, mas não produzem frutos. Esse evento ocorre na mesma semana em que Jesus purifica o templo, sugerindo que o juízo também se estende ao sistema religioso judaico da época, que havia se tornado corrupto e infrutífero.

A Importância da Fé e da Oração: Nos versículos seguintes (Marcos 11:20-26), Jesus usa a morte da figueira para ensinar sobre a fé e o poder da oração. Ele diz aos discípulos que se tiverem fé, poderão fazer coisas extraordinárias, como mover montanhas, e enfatiza a importância de perdoar os outros ao orar.

O Propósito do Ato

O ato de amaldiçoar a figueira não foi apenas uma demonstração de poder, mas um ensino para os discípulos e para todos os que o seguiam. Era uma lição sobre a importância de estar preparado para dar frutos espirituais a qualquer momento. Mesmo que “não fosse tempo de figos”, Jesus ensina que não existe tempo para a esterilidade espiritual. Como crentes, somos chamados a dar frutos continuamente, independentemente das circunstâncias. Além disso, essa ação prefigura o julgamento de Israel, que, pouco tempo depois, rejeitaria o Messias. A esterilidade espiritual da nação, simbolizada pela figueira, levaria à destruição do Templo e à dispersão do povo.

Conciliando com a Graça e a Compaixão de Cristo

Diante desse julgamento severo, podemos nos perguntar: onde está a graça e a compaixão de Jesus que vemos em João 3:17 e Lucas 9:16? A resposta está no equilíbrio entre a justiça e a misericórdia de Deus. Jesus veio, de fato, para salvar o mundo, mas essa salvação exige uma resposta de fé.

Vejamos alguns contextos dos Textos

João 3:17: “Porque Deus enviou seu Filho ao mundo não para condenar o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele.”
Este versículo sublinha a missão de Jesus como Salvador, enfatizando o propósito redentor de sua vinda ao mundo, que é trazer salvação, não condenação. A figueira simboliza aqueles que, mesmo diante da oportunidade de salvação, escolhem não produzir frutos.

Lucas 9:16, “E, tomando os cinco pães e os dois peixes, erguendo os olhos para o céu, os abençoou, partiu e deu aos discípulos para que os distribuíssem entre o povo.
Aqui Jesus multiplica pães e peixes para alimentar a multidão, nos lembra do coração generoso de Cristo, sempre pronto para suprir nossas necessidades. No entanto, essa mesma compaixão não contradiz a necessidade de responsabilidade espiritual. Deus oferece sua graça e provisão, mas espera uma resposta de fé que se manifeste em frutos visíveis.

Lucas 9:56: “Pois o Filho do homem não veio para destruir a vida dos homens, mas para salvá-los.
Esse versículo também reforça a missão de Jesus em salvar e preservar vidas, ao invés de destruí-las. O contexto imediato mostra Jesus corrigindo seus discípulos por quererem chamar fogo do céu sobre uma aldeia samaritana que os havia rejeitado.

Conclusão

A maldição da figueira é uma lição poderosa sobre a seriedade da vida espiritual. Ela nos alerta contra a hipocrisia e a religiosidade vazia, convidando-nos a viver uma fé genuína e frutífera. O propósito de Cristo, ao amaldiçoar a figueira, não foi um ato de condenação impensada, mas uma forma de ensino profundo sobre a importância de estarmos espiritualmente vivos e produtivos, sempre prontos para dar frutos, independentemente das circunstâncias.

Assim como Ele demonstra graça e compaixão em outras passagens, neste evento Jesus nos lembra que, embora a graça de Deus seja oferecida a todos, a verdadeira fé se expressa por meio de frutos visíveis de obediência e amor.

Bem, chegamos ao fim. E aí como está sua vida espiritual?
Pense nisso e Até breve

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