Estudo de Mateus 17:1-13

Por Marcos B. Dantas

A Transfiguração de Jesus

Introdução

A passagem de Mateus 17:1-13 descreve a transfiguração de Jesus diante de Pedro, Tiago e João. Esse evento é de extrema importância no Novo Testamento, pois revela a glória divina de Cristo e confirma sua identidade como o Filho de Deus. Mas quais são os significados espirituais por trás desse evento? Qual é o papel de Moisés e Elias? Como entender a afirmação de Jesus sobre Elias já ter vindo? Vamos explorar esses pontos com base nas Escrituras.

1. A Transfiguração (Mateus 17:1-3)

Seis dias após Jesus ter falado sobre sua morte (Mateus 16:21-28), Ele levou Pedro, Tiago e João a um monte alto, onde foi transfigurado. Seu rosto brilhou como o sol, e suas vestes tornaram-se resplandecentes. Apareceram Moisés e Elias, conversando com Ele.

Significado da Transfiguração

a) Revelação da glória de Cristo: A transfiguração mostrou a divindade de Jesus, uma antecipação de sua glória futura após a ressurreição (João 17:5; Apocalipse 1:16). Esse evento conecta-se a outras revelações da glória divina na Escritura, como a manifestação de Deus a Moisés no monte Sinai (Êxodo 34:29-30).

b) Confirmação da Lei e dos Profetas: Moisés, representando a Lei, e Elias, os Profetas, testificam de Cristo como o cumprimento de ambas (Lucas 24:27; Mateus 5:17; Lucas 24:44).

c) Encorajamento para os discípulos: A experiência fortaleceu a fé dos três discípulos escolhidos, que mais tarde testemunhariam a crucificação de Cristo.

2. A Reação de Pedro (Mateus 17:4-5)

Pedro, diante da visão gloriosa, sugere construir três tendas, uma para Jesus, outra para Moisés e outra para Elias, sem compreender plenamente o significado do evento e equiparando Jesus a Moisés e Elias. No entanto, uma voz do céu declara: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi” (Mateus 17:5). Essa declaração ecoa o batismo de Jesus (Mateus 3:17) e enfatiza Sua autoridade.

Pontos Chave:

a) Pedro tenta equiparar Jesus a Moisés e Elias, mas a voz celestial enfatiza que Cristo é superior (Hebreus 1:1-3).

b) O papel da obediência a Cristo: A ordem “a ele ouvi” ecoa Deuteronômio 18:15, que profetiza um profeta maior que Moisés.

3. A Presença de Moisés e Elias

Moisés e Elias aparecem ao lado de Jesus (Mateus 17:3), representando respectivamente a Lei e os Profetas, de acordo com o pensamento judeu. Sua presença simboliza que Jesus é o cumprimento da revelação do Antigo Testamento (Mateus 5:17). Uma outra interpretação também é dada, onde, Moisés (que já morrera) e Elias (que passara desta vida para a outra sem experimentar a morte) representam os dois grupos que Cristo trará com ele para estabelecer o seu reino: santos mortos ressuscitados e santos vivos transladados, como descrito em 1 Tessalonicenses 4:16-17.

Há diferentes interpretações sobre a forma como, Moisés e Elias, apareceram: alguns sugerem que foram trazidos corporalmente por uma ação divina, enquanto outros veem a aparição como uma manifestação espiritual temporária permitida por Deus. Independente da forma como apareceram, pois a Bíblia não nos revela todos os detalhes, é importante destacar que essa aparição não tem nada a ver com o que alguns pregam ou acreditam sobre a possibilidade de vida após a morte, pois esse pensamento vem de encontro com o que está escrito em Eclesiastes 9:5: “Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco terão eles recompensa, porque a sua memória jaz no esquecimento”.

Referências Bíblicas:

1. Eclesiastes 9:5-6, 10: “Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco têm eles daí em diante recompensa, porque a sua memória jaz no esquecimento. Também o seu amor, o seu ódio e a sua inveja já pereceram; e já não têm parte alguma para sempre em coisa alguma do que se faz debaixo do sol.” (v.5-6) “Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças; porque na sepultura, para onde tu vais, não há obra, nem projeto, nem conhecimento, nem sabedoria alguma.” (v.10)

2. Salmo 6:5: “Pois na morte não há lembrança de ti; no sepulcro quem te louvará?”

3. Salmo 115:17: “Os mortos não louvam ao Senhor, nem os que descem ao silêncio.”

4. Salmo 146:4: “Sai-lhes o espírito, e eles tornam ao pó; naquele mesmo dia, perecem todos os seus desígnios.”

5. Eclesiastes 12:7: “E o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu.”

6. Isaías 38:18-19: “Porque a sepultura não te pode louvar, nem a morte glorificar-te; nem podem os que descem à cova esperar pela tua verdade. O vivente, o vivente é que te louvará, como eu faço hoje.”

7. Daniel 12:2: “E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno.”

8. Eclesiastes 3:19-20: “Porque o que sucede aos filhos dos homens, isso mesmo também sucede aos animais; como morre um, assim morre o outro, todos têm o mesmo fôlego, e a vantagem dos homens sobre os animais não é nenhuma, porque tudo é vaidade. Todos vão para um lugar; todos foram feitos do pó, e todos voltarão ao pó.”

Não vou discutir sobre o que acontece com o homem após a morte, pois não é o assunto deste artigo, mas caso queira saber mais leia esse artigo: Morte.

O importante é notar que ambos apareceram, com um propósito único de confirmação do papel de Cristo, em sua vinda, pois como descrito em Lucas 9:30 e 31 – “30 Eis que dois varões falavam com ele: Moisés e Elias, 31 os quais apareceram em glória e falavam da sua partida, que ele estava para cumprir em Jerusalém.”, esclarece que eles falavam sobre a morte de Jesus, destacando o propósito redentor de sua missão.

4. O Temor dos Discípulos e a Resposta de Jesus (Mateus 17:6-9)

Os discípulos caem com medo ao ouvirem a voz de Deus, mas Jesus os toca e os tranquiliza. Ao levantarem os olhos, não veem mais Moisés e Elias, apenas Jesus.

A singularidade de Cristo: A presença exclusiva de Jesus demonstra que Ele é suficiente.

Sigilo do evento: Jesus ordena que não contem sobre a visão até sua ressurreição, indicando que sua missão deveria ser compreendida plenamente após sua obra redentora. Esta ordem revela que não era o momento adequado para divulgar plenamente a glória de Jesus, pois sua verdadeira natureza Divina seria revelada de forma completa na ressureição.

5. Elias Já Veio? (Mateus 17:10-13)

Ao descer do monte, Jesus instrui os discípulos a não contarem a visão até Sua ressurreição (Mateus 17:9). Os discípulos perguntam sobre a profecia de Elias vir antes do Messias (Malaquias 4:5). Jesus responde que Elias já veio, referindo-se a João Batista (Mateus 17:10-13) e que preparou o caminho do Senhor (Mateus 11:14; Lucas 1:16-17). Não que ele fosse Elias, mas veio no Espírito de Elias, como escrito em João 1:21-23.

Ponto Controverso:

a) Elias literal ou simbólico? Alguns esperavam o retorno literal de Elias, mas Jesus explica que João Batista cumpriu esse papel espiritualmente. Mateus 11: 10-14

b) O sofrimento de João Batista e de Jesus: Assim como João foi rejeitado, Cristo também enfrentaria oposição e sofrimento (Mateus 14:3-12).

Conclusão

A Transfiguração de Jesus é um evento singular que reafirma Sua identidade divina e o cumprimento das Escrituras. Revela Sua glória futura e antecipa Sua paixão, apontando para a redenção final. A presença de Moisés e Elias confirma que Jesus é o centro da história da salvação, e a voz do Pai direciona os crentes a ouvirem Seu Filho.

A transfiguração de Jesus é um evento crucial que revela sua identidade divina, confirma seu papel como cumprimento da Lei e dos Profetas, e prepara os discípulos para os eventos futuros de sua paixão e ressurreição. Moisés e Elias apontam para Cristo como o centro da história da redenção, e a afirmação do Pai celestial enfatiza a necessidade de ouvi-lo. A explicação de Jesus sobre Elias nos lembra que os planos de Deus se cumprem de maneira muitas vezes inesperada, mas perfeita.

Perguntas para Reflexão:

a) Como a Transfiguração fortalece nossa confiança na divindade de Jesus?

b) De que forma a presença de Moisés e Elias nos ajuda a entender melhor o papel de Cristo?

c) Como podemos aplicar a ordem de Deus “Ouvi-o” em nossa vida cotidiana?

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